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Espaço interno da Galeria 7 de Abril |
O que se observa nos
três andares acima do nível da calçada é uma continuidade do plano de
fechamento das lojas, que pelo desenho arredondado sugere um caminho a ser
seguido por entre o edifício. O recorte côncavo na laje da sobreloja e na rampa
do primeiro piso reforça esse sentido de interiorização.
Os pisos da galeria
receberam tratamento diferenciado. O primeiro, cerca de 2,34 metros abaixo do
nível da calçada, a galeria baixa, fora
dividido em trinta e seis lojas com 15 metros quadrados e quatro lojas maiores
com 50 metros quadrados cada. Estas, por sua vez, além de maiores, foram
localizadas estrategicamente próximas a rampa de acesso e receberam um desenho
singular deixando o traçado do corredor de circulação invadir suavemente o
espaço da loja.A distribuição também simétrica em planta fez surgir duas “áreas
de estar” uma em cada acesso a galeria. Infelizmente, esse espaço foi
incorporado novamente às lojas depois da reforma feita pelo condomínio décadas
depois.
O segundo piso, a
galeria média, acessível a partir da calçada por duas rampas laterais (a rampa
central à galeria baixa), ganhou quatro lojas num total de quarenta, pela
subdivisão das lojas próximas as testadas do lote. Estas ficaram mais
estreitas, cedendo parte de seu espaço à rampa. Apesar das dimensões mais
modernas de algumas lojas, elas, e as outras, ficaram com o espaço mais livre,
pois os sanitários foram instalados no mezanino. As que tiveram sua área reduzida
pelo alargamento necessário à construção das duas rampas laterais e pelo recuo
da laje piso foram servidas por dois conjuntos de sanitários instalados ao lado
da caixa escadas.
A sobreloja manteve a
distribuição do piso anterior, mas servida apenas pelas escadas rolantes. Os recortes
côncavos da laje piso, com as extremidades avançando até o limite do lote,
construíram um outro tipo de “espaço de estar”, quase varandas para se apreciar
a Praça da biblioteca e suas árvores ou o movimentado vai e vem das pessoas
pela 7 de Abril.
A simetria em planta e
corte se reproduz novamente nas fachadas idênticas do edif´ciio, não há
hierarquia ou diferenciação entre elas. As janelas contínuas emolduradas por
áreas opacas de vedação compõem um bloco compacto pairando sobre uma base
fluída e aberta. A vedação das lojas, toda em faixas de lambris e vidros contrasta
com o vazio da área central, como figuras de apoio à torre de escritórios. As
faixas laterais e sobre as janelas foram revestidas com pastilhas cerâmicas
azuis claras, as lajes receberam pintura branca na parte visível da fachada e
os pilares internos pastilhas cerâmicas cinza escuras. As paredes internas e
lajes de forro, pintadas em cor branca, realçam os painéis de madeira das lojas.
Bibliografia:
Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e
Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de
Engenharia de São Carlos
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