sábado, 2 de março de 2013

Fachada da Galeria 7 de abril

Espaço interno da Galeria 7 de Abril

O que se observa nos três andares acima do nível da calçada é uma continuidade do plano de fechamento das lojas, que pelo desenho arredondado sugere um caminho a ser seguido por entre o edifício. O recorte côncavo na laje da sobreloja e na rampa do primeiro piso reforça esse sentido de interiorização.
Os pisos da galeria receberam tratamento diferenciado. O primeiro, cerca de 2,34 metros abaixo do nível da calçada,  a galeria baixa, fora dividido em trinta e seis lojas com 15 metros quadrados e quatro lojas maiores com 50 metros quadrados cada. Estas, por sua vez, além de maiores, foram localizadas estrategicamente próximas a rampa de acesso e receberam um desenho singular deixando o traçado do corredor de circulação invadir suavemente o espaço da loja.A distribuição também simétrica em planta fez surgir duas “áreas de estar” uma em cada acesso a galeria. Infelizmente, esse espaço foi incorporado novamente às lojas depois da reforma feita pelo condomínio décadas depois.
O segundo piso, a galeria média, acessível a partir da calçada por duas rampas laterais (a rampa central à galeria baixa), ganhou quatro lojas num total de quarenta, pela subdivisão das lojas próximas as testadas do lote. Estas ficaram mais estreitas, cedendo parte de seu espaço à rampa. Apesar das dimensões mais modernas de algumas lojas, elas, e as outras, ficaram com o espaço mais livre, pois os sanitários foram instalados no mezanino. As que tiveram sua área reduzida pelo alargamento necessário à construção das duas rampas laterais e pelo recuo da laje piso foram servidas por dois conjuntos de sanitários instalados ao lado da caixa escadas.
A sobreloja manteve a distribuição do piso anterior, mas servida apenas pelas escadas rolantes. Os recortes côncavos da laje piso, com as extremidades avançando até o limite do lote, construíram um outro tipo de “espaço de estar”, quase varandas para se apreciar a Praça da biblioteca e suas árvores ou o movimentado vai e vem das pessoas pela 7 de Abril.
A simetria em planta e corte se reproduz novamente nas fachadas idênticas do edif´ciio, não há hierarquia ou diferenciação entre elas. As janelas contínuas emolduradas por áreas opacas de vedação compõem um bloco compacto pairando sobre uma base fluída e aberta. A vedação das lojas, toda em faixas de lambris e vidros contrasta com o vazio da área central, como figuras de apoio à torre de escritórios. As faixas laterais e sobre as janelas foram revestidas com pastilhas cerâmicas azuis claras, as lajes receberam pintura branca na parte visível da fachada e os pilares internos pastilhas cerâmicas cinza escuras. As paredes internas e lajes de forro, pintadas em cor branca, realçam os painéis de madeira das lojas.
Bibliografia: Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos

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