No último ano da década de 50, a construção do edifício e
Galeria 7 de abrilfoi iniciada. Nesse projeto, a galeria se impôs de forma
consistente e enfática. O conjunto, torre de escritório e galeria, ganhou
coesão e uma visibilidade maior no tecido urbano, muito embora, ainda fosse
possível diferenciar esses dois elementos compositivos.
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Galeria 7 de abril |
O projeto, contemporâneo à Galeria Itapetininga, 1957, e
ao Edificio Califórnia,1955, utiliza princípios diferentes dos dois edifícios
anteriores para compor a galeria. Inicialmente porque não é uma adaptação ou
reforma de edifícios independentes unidos pelo térreo comercial; em segundo
lugar, porque, apesar de utilizar alguns aspectos do tratamento dado por
Niemeyer ao percurso pela galeria, não trabalha com elementos voltados ao
lazer, como na Galeria Califórnia com seu cinema cafés e restaurantes.
A Galeria 7 de abril utiliza o espaço entre o solo e a
torre vertical como um lugar fluido, dinâmico e desdobrável em níveis
diferentes. A ligação entre duas quadras permanece direta, enquanto direção,
mas cheia de variáveis em planta e em corte. De fato, essa galeria tem uma
vocação comercial evidente, primeiro por ser um elo entre a Praça da Biblioteca
Mario de Andrade e a rua Barão, eixo pelo qual circulam muitas pessoas durante
todo o dia e depois por conseguir, através de um projeto primoroso, uma fácil compreensão
de sua existência enquanto espaço comercial diversificado e sedutor.
A maior visibilidade da galeria, conseguida pela
sobreposição de pisos comerciais visualmente abertos para a rua e pelo
tratamento plástico dado a esses andares e a fachada, garante uma fácil
percepção deste espaço, atraindo o pedestre para o seu interior. Atualmente, o
acesso à galeria permanece fechado, como em todas as outras, nos horários não
comerciais, mas nos anos 60 essa proteção não existia e os desenhos da época
mostram a fluidez desse espaço.
Quanto ao projeto, o edifício aparece simétrico em planta
e corte: os três níveis de galeria somados ao mezanino correspondem em altura
aos quatro pisos de escritório. No que tange à planta, um eixo perpendicular às
ruas 7 de abril e Bráulio Gomes divide o lote longitudinalmente em duas partes
iguais. A estrutura precisa de circulação enfatiza essa simetria, localizando
nesse eixo as rampas e escadas rolantes de acesso aos níveis diferentes da
galeria e os corretores de circulação nos andares. O acesso à torre de
escritórios ocorre pelo meio do lote, transversalmente, através do bloco
elevadores/caixa de escada, um em frente ao outro. Na divisa com as vias
públicas, fato que interfere em sua dimensão. Cada andar de escritórios antende
a dezesseis salas, com cinquenta metros quadrados as maiores e quinze metros
quadrados as menores. Todas bem ventiladas e iluminadas por rasgos na laje e
pelas grandes áreas envidraçadas da fachada. A modulação dos pilares, embora
apareça nas plantas dos andares de escritório, não são visíveis nos pisos de
galeria.
Bibliografia:
Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e
Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de
Engenharia de São Carlos.
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