sábado, 23 de fevereiro de 2013

Edificio e Galeria 7 de Abril


No último ano da década de 50, a construção do edifício e Galeria 7 de abrilfoi iniciada. Nesse projeto, a galeria se impôs de forma consistente e enfática. O conjunto, torre de escritório e galeria, ganhou coesão e uma visibilidade maior no tecido urbano, muito embora, ainda fosse possível diferenciar esses dois elementos compositivos.
Galeria 7 de abril
O projeto, contemporâneo à Galeria Itapetininga, 1957, e ao Edificio Califórnia,1955, utiliza princípios diferentes dos dois edifícios anteriores para compor a galeria. Inicialmente porque não é uma adaptação ou reforma de edifícios independentes unidos pelo térreo comercial; em segundo lugar, porque, apesar de utilizar alguns aspectos do tratamento dado por Niemeyer ao percurso pela galeria, não trabalha com elementos voltados ao lazer, como na Galeria Califórnia com seu cinema cafés e restaurantes.
A Galeria 7 de abril utiliza o espaço entre o solo e a torre vertical como um lugar fluido, dinâmico e desdobrável em níveis diferentes. A ligação entre duas quadras permanece direta, enquanto direção, mas cheia de variáveis em planta e em corte. De fato, essa galeria tem uma vocação comercial evidente, primeiro por ser um elo entre a Praça da Biblioteca Mario de Andrade e a rua Barão, eixo pelo qual circulam muitas pessoas durante todo o dia e depois por conseguir, através de um projeto primoroso, uma fácil compreensão de sua existência enquanto espaço comercial diversificado e sedutor.
A maior visibilidade da galeria, conseguida pela sobreposição de pisos comerciais visualmente abertos para a rua e pelo tratamento plástico dado a esses andares e a fachada, garante uma fácil percepção deste espaço, atraindo o pedestre para o seu interior. Atualmente, o acesso à galeria permanece fechado, como em todas as outras, nos horários não comerciais, mas nos anos 60 essa proteção não existia e os desenhos da época mostram a fluidez desse espaço.
Quanto ao projeto, o edifício aparece simétrico em planta e corte: os três níveis de galeria somados ao mezanino correspondem em altura aos quatro pisos de escritório. No que tange à planta, um eixo perpendicular às ruas 7 de abril e Bráulio Gomes divide o lote longitudinalmente em duas partes iguais. A estrutura precisa de circulação enfatiza essa simetria, localizando nesse eixo as rampas e escadas rolantes de acesso aos níveis diferentes da galeria e os corretores de circulação nos andares. O acesso à torre de escritórios ocorre pelo meio do lote, transversalmente, através do bloco elevadores/caixa de escada, um em frente ao outro. Na divisa com as vias públicas, fato que interfere em sua dimensão. Cada andar de escritórios antende a dezesseis salas, com cinquenta metros quadrados as maiores e quinze metros quadrados as menores. Todas bem ventiladas e iluminadas por rasgos na laje e pelas grandes áreas envidraçadas da fachada. A modulação dos pilares, embora apareça nas plantas dos andares de escritório, não são visíveis nos pisos de galeria.
Bibliografia: Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos.

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