quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Galeria das Artes por dentro I


O pavimento tipo, simetricamente dividido pela circulação vertical, fora pensado com duas salas comerciais, voltadas para a rua e para o vão central.
Ambas servidas por blocos de sanitários individuais a cada sala e átrios de ventilação e iluminação para eles. Essa estrutura manteve-se nos dois blocos organizados pelo eixo central que coincidia com o vão central de iluminação. As salas, com aproximadamente noventa metros quadrados cada- um tamanho bem generoso para salas comerciais eram servidas pela circulação central sem que houvesse a necessidades dos longos corredores de distribuição comuns nos prédios anteriores.
No primeiro andar acima da galeria, uma das salas de cada bloco deu lugar a um conjunto de sanitários específicos para atender os usuários da galeria. O pé-direito também foi reduzido em todo o conjunto, “ o projeto apresentado tem 3.15 metros de piso a piso, equivalente a 3,00 metros de pé direito mais uma laje  normal de 15 cm de espessura, julgamos estar obedecendo ao espírito da lei, embora o pé direito livre seja de apenas 2,85m (...) somente a diomunição do pé direito livre consequência da adoção de um tipo mais moderno de estrutura na qual não ficam vigas aparentes.Com exceção da galeria que manteve quatro metros e meio de espaço livre.
As quatro fachadas projetadas por João Serpa Albuquerque (duas voltadas para as ruas 7 de abril e Braulio Gomes e duas para o pátio interno)  receberiam, em projeto, tratamento idêntico com a presença das lajes marcando os andares e amplas janelas ocupando todo vão entre elas. A cadência de faixas opacas e translúcidas aparece novamente, provocando um efeito de unidade. Todo o conjunto seria marcado por faixas verticais no encontro com os edifícios lindeiros, bem como definindo a parte superior e inferior da torre.
Mas durante a construção, algo ocorreu e apesar de não encontrarmos relatos sobre o fato, podemos afirmar que a fachada para a rua Braulio Gomes recebeu um tratamento diferenciado. A opção de Albuquerque por criar um plano solto de vidro vedado essa face do edifício, talvez, possa ser compreendida como a busca em ressaltar a relação entre o edifício e a praça da Biblioteca Mario de Andrade, um lugar aberto que garantiria uma escala melhor para a percepção do edifício. Outros arquitetos já haviam experimentado essa solução projetual como Giancarlo Palanti no projeto de reestruturação da fachada do edifício Conde de Prates, para a Construtora Alfredo Mathias em 1952 e Lucjan Korngold no projeto do edifício Palácio do Comércio, próximo a Galeria.

Bibliografia: Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edificios e Galerias Comerciais  Arquitetura e Comercio na Cidade de São Paulo, anos 50 e 60 

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