O pavimento tipo, simetricamente dividido pela circulação
vertical, fora pensado com duas salas comerciais, voltadas para a rua e para o
vão central.
Ambas servidas por blocos de sanitários individuais a
cada sala e átrios de ventilação e iluminação para eles. Essa estrutura
manteve-se nos dois blocos organizados pelo eixo central que coincidia com o
vão central de iluminação. As salas, com aproximadamente noventa metros
quadrados cada- um tamanho bem generoso para salas comerciais eram servidas
pela circulação central sem que houvesse a necessidades dos longos corredores
de distribuição comuns nos prédios anteriores.
No primeiro andar acima da galeria, uma das salas de cada
bloco deu lugar a um conjunto de sanitários específicos para atender os
usuários da galeria. O pé-direito também foi reduzido em todo o conjunto, “ o
projeto apresentado tem 3.15 metros de piso a piso, equivalente a 3,00 metros
de pé direito mais uma laje normal de 15
cm de espessura, julgamos estar obedecendo ao espírito da lei, embora o pé
direito livre seja de apenas 2,85m (...) somente a diomunição do pé direito
livre consequência da adoção de um tipo mais moderno de estrutura na qual não
ficam vigas aparentes.Com exceção da galeria que manteve quatro metros e meio
de espaço livre.
As quatro fachadas projetadas por João Serpa Albuquerque
(duas voltadas para as ruas 7 de abril e Braulio Gomes e duas para o pátio interno) receberiam, em projeto, tratamento idêntico
com a presença das lajes marcando os andares e amplas janelas ocupando todo vão
entre elas. A cadência de faixas opacas e translúcidas aparece novamente,
provocando um efeito de unidade. Todo o conjunto seria marcado por faixas
verticais no encontro com os edifícios lindeiros, bem como definindo a parte
superior e inferior da torre.
Mas durante a construção, algo ocorreu e apesar de não encontrarmos
relatos sobre o fato, podemos afirmar que a fachada para a rua Braulio Gomes
recebeu um tratamento diferenciado. A opção de Albuquerque por criar um plano
solto de vidro vedado essa face do edifício, talvez, possa ser compreendida
como a busca em ressaltar a relação entre o edifício e a praça da Biblioteca
Mario de Andrade, um lugar aberto que garantiria uma escala melhor para a
percepção do edifício. Outros arquitetos já haviam experimentado essa solução
projetual como Giancarlo Palanti no projeto de reestruturação da fachada do edifício
Conde de Prates, para a Construtora Alfredo Mathias em 1952 e Lucjan Korngold
no projeto do edifício Palácio do Comércio, próximo a Galeria.
Bibliografia:
Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edificios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comercio na Cidade de São Paulo, anos 50 e 60
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