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Galeria California |
As galerias surgiram, através da necessidade de espaços
onde os pedestres pudessem passear protegidos do trânsito e do tempo, de
maneira a propiciar conforto ao consumidor dos novos produtos expostos à venda,
tornando-se o lugar por excelência do comércio varejista e o principal ponto de
encontro da multidão.
Quando as galerias apareceram entre as décadas de 50 e 60
do século XX a agitação social, era nas galerias. Era lá que as pessoas se
conheciam, interagiam e descobriam as novidades possibilitadas pelos avanços
industriais, construindo novos comportamentos, valores e opiniões. Assim, seu
contato era marcado por uma interação faca a face, resultado da troca e diálogo
entre vendedor e comprador, caracterizado por uma grande argumentação
persuasiva focada no valor de uso dos objetos e na barganha.
Além disso, não somente os produtos eram contemplados,
mas também os próprios pedestres, que iam as galerias para verem e serem
vistos, representando, portanto, a nova vida na metrópole quando indústria e
comércio e artes se unem e novos hábitos surgem.
Com relação à arquitetura, as galerias caracterizavam-se,
predominantemente, pela iluminação zenital, acesso ao interior da quadra e
espaço linear simétrico. Sobretudo esse último ponto marca a importância desta tipologia
por sua permeabilidade e continuidade, ao permitir o deslocamento de pessoas
entre as quadras, ligar ruas agitadas por meio de seus corredores e diferentes
acessos e criar espaços de encontro e convivência em seus corredores.
Outra novidade arquitetônica introduzida pelas galerias é relativo a
técnicas e materiais construtivos empregados em sua construção relacionava-se
diretamente com alguns desenvolvimentos tecnológicos do período, entre eles a
utilização de materiais como ferro e vidro. A utilização de tais materiais
nestas construções demonstra a intima relação que se estabeleceu entre
arquitetura e engenharia neste período.
A questão da iluminação – artificial ou natural – também era
um diferencial nestes espaços. A iluminação zenital criava um jogo de cores e
sobras ao longo das horas do dia que diversificavam o aspecto dos ambientes. A
presença desta iluminação artificial permitiu o surgimento da vida noturna.
Bibliografia:
Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo
Arquitetura e Cidade (1938/1960). Sabrina Sudart Fernandes Costa – Tese de
doutorado.
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