segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Porque surgiram as galerias no centro novo

Galeria California

As galerias surgiram, através da necessidade de espaços onde os pedestres pudessem passear protegidos do trânsito e do tempo, de maneira a propiciar conforto ao consumidor dos novos produtos expostos à venda, tornando-se o lugar por excelência do comércio varejista e o principal ponto de encontro da multidão.
Quando as galerias apareceram entre as décadas de 50 e 60 do século XX a agitação social, era nas galerias. Era lá que as pessoas se conheciam, interagiam e descobriam as novidades possibilitadas pelos avanços industriais, construindo novos comportamentos, valores e opiniões. Assim, seu contato era marcado por uma interação faca a face, resultado da troca e diálogo entre vendedor e comprador, caracterizado por uma grande argumentação persuasiva focada no valor de uso dos objetos e na barganha.
Além disso, não somente os produtos eram contemplados, mas também os próprios pedestres, que iam as galerias para verem e serem vistos, representando, portanto, a nova vida na metrópole quando indústria e comércio e artes se unem e novos hábitos surgem.
Com relação à arquitetura, as galerias caracterizavam-se, predominantemente, pela iluminação zenital, acesso ao interior da quadra e espaço linear simétrico. Sobretudo esse último ponto marca a importância desta tipologia por sua permeabilidade e continuidade, ao permitir o deslocamento de pessoas entre as quadras, ligar ruas agitadas por meio de seus corredores e diferentes acessos e criar espaços de encontro e convivência em seus corredores.
Outra novidade arquitetônica  introduzida pelas galerias é relativo a técnicas e materiais construtivos empregados em sua construção relacionava-se diretamente com alguns desenvolvimentos tecnológicos do período, entre eles a utilização de materiais como ferro e vidro. A utilização de tais materiais nestas construções demonstra a intima relação que se estabeleceu entre arquitetura e engenharia neste período.
A questão da iluminação – artificial ou natural – também era um diferencial nestes espaços. A iluminação zenital criava um jogo de cores e sobras ao longo das horas do dia que diversificavam o aspecto dos ambientes. A presença desta iluminação artificial permitiu o surgimento da vida noturna.

Bibliografia: Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo Arquitetura e Cidade (1938/1960). Sabrina Sudart Fernandes Costa – Tese de doutorado.

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