domingo, 19 de agosto de 2012

Nova arquitetura, novos edifícios no Centro Novo.

Centro de SP em 1954

A atmosfera de desenvolvimento impulsionado pelo café e pelo cigarro refletia-se na construção dos arranha-céus, que aumentou  a partir dos anos de 1930, quando o número de construções cresceu consideravelmente, conforme destacado por Pasquale Petrone: “Antes de 1920, constituíam exceções os prédios de mais de três ou quatro pavimentos. (...) Mas, a partir da década 1930-1940, seu número passou  a ser cada vez maior”. Estes edifícios estavam cada vez mais presentes no imaginário popular – a partir das imagens presentes no cinema, nas propagandas e em revistas – e nas manifestações artísticas da primeira metade do século XX.
O volume das construções em São Paulo crescia em um ritmo vertiginoso. Os cálculos do período davam a cifra de uma casa por hora. Daí surge a expressão que marcava o período: “São Paulo, a cidade que mais cresce no mundo” colocada e repetida alguns anos mais tarde, durante os festejos do IV Centenário em 1954. Um bom exemplo desta associação entre os arranha céus e o progresso da cidade seria o edifício Martinelli (1929). No entanto, nossos estudos se restringem aos limites do distrito República ao qual o  Edifício Martinelli não se inclui. Por isso escreveremos sobre a construção da Biblioteca Municipal Mario de Andrade que foi símbolo da mudança do foco de investimentos públicos. Projetada por Jacques Pilon, com seus 23 andares foi finalizada em 1942. Sua altura era ainda mais ressaltada pela implantação na praça Dom José de Gaspar, cercada por um jardim, tangenciada pelas novas vias do Plano de Avenidas. Seu programa atestava o interesse da metrópole em incentiva a educação e o desenvolvimento cultural da população. Curioso observar que nos arredores da Biblioteca Municipal, na década de 1950, formou-se um dos principais espaços de discussão da cidade. Eram bares que abrigavam diversos professores, intelectuais, artistas e dramaturgos, que ali se encontravam, após o expediente de trabalho. Segundo Maria Arminda Arruda, “bares  eram espaços de vivência ampla,  de estímulo aos sentidos e do cultivo do intelecto”. O prédio também chamava a atenção por ter sido construído em concreto armado, despojado de elementos em sua fachada e mostrando-se diretamente vinculado ao art-déco.
Os p´rimeiros edifícios modernos de São Paulo anunciavam, ainda nas primeiras décadas do século XX, as novas possibilidades de desenho. Porém, era possível perceber que a massa de construções deste período apresentava os estilos dos mais variados. Esta mistura poderia ser visualizada tanto nas ruas quanto nas páginas de revistas do período.
Grandes obras públicas fizeram uma divulgação intensa da arquitetura moderna entre os anos de 1930-1940 e possibilitaram sua aceitação entre um público mais abrangente.
A modernidade na cidade manifestava-se também na presença e no deslocamento de uma massa desconhecidos que circulavam e permaneciam na região central no horário comercial e fora dele. Bondes, ônibus e automóveis particulares faziam a ligação do Centro com áreas mais afastadas e recentemente ocupadas da cidade, deslocando assim uma massa frequente de operários, comerciantes e executivos e profissionais liberais. Os imigrantes levavam novos sons pelas ruas por meio das diversas línguas que se misturavam ao português e um comportamento diferente.
A arquitetura moderna ligava-se diretamente com este contexto da vida urbana ao se relacionar com a ideia de racionalidade construtiva, despojamento ornamental, economia e de propor novos arranjos em termos de organização espacial. A ideia de evolução temporal das tecnologias nos novos desenhos dos novos prédios.
Bibliografia: Traçado e Edifícios no Centro de São Paulo – Sabrina Studart Fontenele Costa.

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