segunda-feira, 13 de junho de 2011

Largo dos Piques

São Paulo de Outrora; Ecocações da Metropole- Moura Paulo Cursino de

Ali no largo dos Piques era onde os mercadores de escravos faziam suas vendas.

O leilão de escravos é ali , ao meio-dia, ao som do dobre do sino de São Francisco, no outro lado da encosta.

Nenhum outro lugar mais propício. A elevação da subida , com patamar largo circundado pelo paredão, põe destaque a corte enfileirada da “mercadoria” negra, representada pelos cativos .Largo dos Piques

Ali ficavam em destaque, numa “vitrine” de trevas, à exposição da cobiça dos compradores.

Na hora aprazada, o meirinho do Ouvidor anuncia, solenemente, a manada. Reboliço. Emoção. Os pretendentes, raspando a espora no lagedo, o chicote batendo a bota luzidia, passam em revista os licitados, na atitude de uma arrogância canalha. À passagem, murmúrios, que saem de um incógnito de temores e de incerteza.

Começa a licitação.

A voz cavernosa do pregão, os lances vão subindo à medida das simpatias, das aptidões, da saúde, da força bruta ou das habilidades dos negros licitados.

A saída, após a arrematação, é o desespero. Pais que se separam dos filhos, maridos de mulheres, crianças dos braços maternos para seguirem cabisbaixos e mudos, os donos vários que os compraram.

O largo dos Piques é, em pessoa, a velharia da cidade. Recordação máxima do São Paulo de outrora, nasceu ele com a cidade.

Viveu desde a primeira descida, na encosta abrupta, do irmão Afonso Braz, o mais antigo arquiteto de São Paulo, filho de Loiola e companheiro dpos fiundadores Anchieta, Nobrega e Manuel Paiva.

No vale profundo do riacho histórico, na confluência das várias vadeiras, São Paulo, saciando, em todos os tempos, na água generosa e boa do tanque Reúno, no Bexiga.

A única lembrança do passado é a “pirâmide” ereta firme, ascencional.Largo dos Piques1

A denominação “Piques” acompanha a história da cidade desde tempos imemoriais. Vemos a nomenclatura ser usada por todos os historiadores. Nada, porém, sobre a procedência do nome.

A Pirâmide. Monumento tradicional, talvez o único secular da cidade.

Data de 1814. A sua construção, nesse ano, foi simplesmente sem importância, Comemorou o término feliz de um governo provisório composto do Bispo d. Mateus de Abreu Pereira, ouvidor D. Nuno Eugênio de Lossio e Scilbz e chefe da esquadra Miguel José de Oliveira Pinto e o regozijo do povo pela cassação da seca desse ano. O marco foi criado como baliza do desbravamento da rotina e entrada do progresso.

O engenheiro marechal Daniel Pedro Müller foi incumbido da construção da estrada do Piques e adotou como ponto de partida, a Pirâmide histórica, com inteira aprovação do governo, que como marco comemorativo o consagrou em 17 de outubro de 1814.

Da antiga fonte que matava a sede de gentes e bichos, não sobrou nada. Em seu lugar simbólico, o conjunto escultórico do arquiteto Victor Dubugras, inaugurado em 1922, mas atualmente desligado e seco. Na última "adaptação" sofrida pelo largo a escadaria que levava ao obelisco e ao chafaris foram substituidos por rampas. A falta de uma atividade permanente no uso da praça colabora para o aumento do número de pixações na estrutura deste que é o conjunto histórico mais antigo do centro da cidade.

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