A rua recorda e perpetua esse nome respeitabilíssimo gravado na placa azul, lido por São Paulo inteiro diariamente, num trecho curto da via pública, perambulando por um milhão de habitantes.
Oriundo de estirpe humilde, João Crispiniano Soares nasceu a 24 de julho de 1809 na vilinha de Guarulhos, foi o Conselheiro Crispiniano um dos mais privilegiados filhos na própria terra.
Não lhe faltou inteligência, nem honorabilidade, nem compostura, nem patriotismo. Nada lhe faltou. Reuni em si, um homem de governo tanto predicado conjunto, é privilégio máximo.
Iniciou a sua vida servindo em empregos secundários na Tesouraria da Fazenda. Com grandes dificuldades matriculou-se na Faculdade de Direito, tornando-se logo um dos mais distintos alunos e merecendo, no seu 3º ano um prêmio de mérito literário. Bacharelou-se em 1834 e defendeu tese em 1835, conquistando o título de doutor. Em 1836 foi nomeado professor da mesma Faculdade, lecionou Prática até ser escolhido para reger a cadeira de Direito Romano, em que muito se distinguiu pela sua vasta cultura jurídica. Fora da Academia também exerceu brilhantemente vários cargos. Foi inspetor da Tesouraria, delegado de Polícia e juiz municipal suplente. Em 1854 presidiu a Província de Mato Grosso, em 1863 a de Minas Gerais, em 1864 a do Rio de Janeiro, e a de São Paulo de 7 de novembro de 1864 a 18 de julho de 1865. Foi ainda vereador, deputado e presidente da Câmara Municipal de São Paulo nos anos de 1838 a 1847, deputado da Assembléia Geral por Mato Grosso em 1848. Na presidência de São Paulo prestou assinalados serviços e foi o organizador do batalhão de voluntários paulistas conhecido pela denominação de 7º, que primeiro marchou deste Estado para as campanhas do Paraguai. Em 1873 aposentou-se no cargo de professor da Faculdade. Faleceu em São Paulo em 15 de agosto de 1876.
Foi presidente liberal, filiado ao partido desse nome das províncias mais em prosperidade na infância do Brasil independente. Foi presidente de Mato Grosso, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo, quase sem solução de continuidade, nomeado pela clarividência do velho Imperador, como que para fertilizar, com sua prudência e com o seu saber, as administrações incipientes desses importantes esteios da nacionalidade brasileira.
No governo de São Paulo, como seu 31º presidente, mostrou-se inexcedível de zelo patriótico. Coincidindo a sua ação governamental com da guerra do Paraguai, em 1865, organizou o primeiro batalhão de voluntários, incorporado sob a denomi nação de 7º, no exército nacional.
No dia de sua morte, os dois jornais mais em evidência, então editados, Correio Paulistano e a Provincia de São Paulo, publicaram extensos necrológios ao grande paulista. Onde se lia: “Elevando-se tanto e nobilitando o seu nome, é João Crispiniano o mais vivo exemplo do que pode conseguir na sociedade, o trabalho, quando as virtudes o acompanham e consolidam.”
A rua Conselheiro Crispiniano foi aberta em terrenos do Morro do Chá, propriedade do Barão de Itapetininga. No dia 21 de Abril de 1863, a Câmara Municipal autorizou a desapropriação de terrenos para a abertura de uma rua entre o Largo do Paissandú e até a antiga rua da Palha, chamada depois de Sete de Abril. Em 1873, esta rua ainda não estava aberta e, por proposta do Ten. Cel. Fernando Braga, a Câmara determinou a direção desta rua que partiu do Largo do Paissandú pelo lugar já demarcado e saiu ao lado de onde se localizava a Chácara do senador Queiroz. Em 1904, a Prefeitura concedeu favores fiscais para os proprietários de terrenos nesta rua para que pudessem edificar visando a ocupação de espaços vizinhos ao Teatro Municipal.
São Paulo de Outrora Evocações da Metropole- Moura Paulo Cursino
História das ruas de São Paulo- Arquivo Histórico Municipal.
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