Quem passa apreçado pela Avenida Ipiranga entre a Avenida São Luiz e a Avenida da Consolação não pode imaginar a transformação que este pedaço de São Paulo passou no começo do século XX.
As ruas acanhadas e os sobrados tiveram de abrir passagem para que as ruas se transformassem em retas que se cruzam e permitir que as avenidas nascessem. Quem conta bem esta história é Jorge Americano em seu livro São Paulo nesse tempo (1915-1935). Atrás da Escola Normal Caetano de Campos, que hoje se transformou na Secretaria Municipal de Educação, existia o Jardim de Infância, onde o autor estudo e hoje sede cada vez mais espaço para as estações do metrô.
“A que é hoje Avenida Ipiranga de ponta a ponta, era estreita e tinha dois nomes. A parte que se conta da esquina da Rua 24 de Maio para o lado da Estação da Luz, chamava-se Rua Ipiranga. A parte que se conta da Escola Caetano de Campos para trás chamava-se rua Epitácio Pessoa, seguia em direção à Igreja da Consolação e fazia uma curva para a direita, tornando-se paralela com a Rua da Consolação, trecho este que ainda lhe conserva o nome”.
Para quem não conhece hoje a Avenida Ipiranga termina na Avenida da Consolação. Porém, para que este trecho fosse aberto se fizeram necessárias muitas desapropriações. Graças a elas é que a Rua Epitácio Pessoa é hoje uma pequena rua entre a Avenida Ipiranga e a Rua Rego Freitas.
“A rua São Luiz, estreita, ensombrada de jacarandazinhos, com lindos jardins de casas residenciais, parava na Rua Epitácio Pessoa, interrompida pela área do Jardim de Infância, traseira à Escola Caetano de Campos”.
A Avenida São Luiz ainda hoje tem no meio os jacarandás que hoje são arvores frondosas que pontuam de verde o árido concreto de seus edifícios na sua maioria com arquitetura da segunda metade do século XX.
As transformações neste pedacinho de São Paulo começaram com a lei n° 272 de 28 de agosto de1896, onde foi autorizado “melhoramento na rua do Ipiranga, na parte compreendida entre a rua São Luiz e Araújo”. Hoje a rua Araújo é uma pequena rua que principia na Praça da República exatamente em frente ao Jardim de Infância do Colégio Caetano de Campo e termina trezentos metros acima na Praça Darci Penteado. Alias esta praça também fez parte da idéia de “europeizar”, a malha urbana do centro de São Paulo. Por causa desta proposta de tornar europeu o centro de São Paulo é que as ruas passaram a ter treze metros de largura e as avenidas trinta metros. Claro que esta evolução não acompanhou as calçadas, onde os pedestres continuam caindo nos buracos e nas diferenças dos calçamentos, é só não olhar direito para o chão.
Para acompanhar toda esta transformação a lei n°542 de 08 de outubro de 1901 “autoriza o prefeito a mandar executar os serviços e melhoramentos e embelezamentos da Praça da República.” Claro que no correr dos tempos a praça tem sido sistematicamente reformada e adequada aos novos tempos das estações do metrô, sem perder o charme das feiras de artesanatos nos finais de semana. Porém, recebendo todos os anos a “Virada Cultural Paulista”, onde a praça se tona um grande lixo ao termino de cada show.
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