Para a Prefeitura de São Paulo que comprou a Cia “Viaducto” do Chá foi um grande problema. A primeira medida foi mandar substituir o madeiramento do viaduto, “exceção feita a 40 dormentes da parte central, que se achavam em bom estado bem como a pintura a óleo no material metálico”, foi o que autorizou a lei nº. 359 de 1897. Apesar da encampação ter sido feita em setembro de 1896 só em maio de 1897 pelo ato do prefeito de nº 16 é que o Viaduto do Chá foi franqueado ao público, “não podendo por ela transitar senão pessoas a pé ou à cavalo e veículos de condução pessoal”. Porém, a Cia de Viação Ferro Carril de São Paulo, que possuía bonde movido a tração animal, “conseguiu o direito exclusivo de trafegar as suas linhas pelo viaduto”.
A Lei n° 304 , autoriza concessão para bondes elétricos. Sendo a primeira linha a partir da rua 25 de março em direção à freguesia da Penha de França e a partir do mesmo ponto em direção ao bairro da Água Branca e prolongamentos, e por este motivo o Viaduto do Chá precisou ser reconstruído.
"Quando se estabeleceu a tração elétrica, foi feito um estudo de resistência dos materiais, que resultou na construção de uma laje de cimento armado no vão central do viaduto. Nos passeios laterais foram substituídas as tábuas de madeira por lajes pousadas na estrutura metálica que oscilavam quando pisadas, como mesa de restaurante sobre assoalho mal nivelado. Entre as lajes, vãos permitiam enxergar para baixo, de sorte que a oscilação, os vãos e a pouca confiança no concreto armado convertiam em suplício a travessia do viaduto. Eu mesmo, sempre inclinado a confiar na ciência e na técnica, tive receio, nos primeiros tempos. Toda a estrutura do viaduto trepidava quando passava o bonde elétrico"(1:124)
“Atirar-se do Viaduto do Chá sobre a Rua Formosa era um processo de suicídio bastante acreditado.Juntava gente na grade para ver de cima. Juntava gente em baixo,na R Formosa. Vinha a ambulância.
Certa vez, um homem, que trazia um guarda-chuva na mão, atirou-se mais ao centro do Viaduto, sobre a chácara da Baronesa de Itapetininga. Ao saltar, abriu-se o guarda-chuva, virou o avesso e atenuou a queda. Caiu sobre um monte de areia fofa, colocada ali havia pouco. Levantou-se coxeando. Virou pelo direito o guarda-chuva, com as varetas quebradas. O povo em cima começou a vaiar. Acudiu o chacareiro. Trocaram palavras, o homem foi seguindo, coxeando, acompanhando o chacareiro, que lhe abri o portão da Rua Formosa. Estendeu a mão, despediu-se do chacareiro. Fora do portão já o esperava um policial. Falaram e foram andando juntos, o homem coxeando, com o guarda-chuva debaixo do braço”.(1:125)
Lei nº 1.230, de 26/08/1909” autoriza a rescisão do contrato de arrendamento dos terrenos existentes nos baixos do Viaducto do Chá.”
Lei n° 1304 de 17/03/1910 autoriza o calçamento a “asphalto” da zona que circunda o futuro Theatro Municipal.
Art1º - Fica o Prefeito autorizado a mandar fazer o calçamento de “asphalto” da zona que circunda o Theatro Municipal, e o de recalçamento do Viaduto....
Lei nº 1331 de 06/06/1910 aprova o plano de melhoramento da zona denominada pelo Viaduto do Chá
Em 1910, o Vale do Anhangabaú foi todo ajardinado, transformando-se no Parque do Anhangabaú, com edifícios de arquitetura européia dos dois lados do vale.
Lei nº 1457 de 09/09/1911aprova a secção do plano Bouvard relativa aos melhoramento das ruas Libero Badaró e Formosa e da parte do Vale do Anhangabaú, compreendida entre a rua de São João e o largo Riachuelo, e declara de utilidade pública diversos prédios.
Era a São Paulo dos barões do café que estava nascendo e construindo a passos largos um novo tempo.
(1) – Americano, Jorge São Paulo naquele tempo – 1895 -1915
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