Antes de
apreciarmos os reflexos do padrão-ouro na economia, e, em particular nos bancos
comerciais, faz-se necessário registrar que durante o planejamento dos aspectos
operacionais da Caixa ocorreram duros embates entre os próprios metalistas.
Denominados por NEUHAUS como metalistas ortodoxos e expansionistas, estes dois grupos tinham opiniões divergentes
sobre o valor da paridade cambial a ser estabelecido para o funcionamento da
Caixa de Conversão.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHCncHDdD6iIJTqry7KVIe1d9lhyqaumzVofZTfOutsMeFHb-4Lun8VNxjNt8O8E92a6vRnmCdHK8XVnYMVBkEJvR5ttx743QeiWCtHggPrxc8tpoSRy6knackW5vRfiouwU1VZzNkWX8/s1600/Organiza%C3%A7%C3%A3o+dos+Bancos+20.07.gif)
Por outro
lado, os expansionistas liderados pelo novo ocupante da pasta da Fazenda, David
Campista (15/11/1906-14/06/1909) (nomeado pelo recém empossado Presidente da
República, Afonso Pena), acreditavam que a taxa de câmbio pleiteada pelos
ortodoxos seria impraticável e defendiam o estabelecimento do padrão-ouro com a
paridade de 15 pence por mil-réis. Acreditavam, os expansionistas, que o
aumento do meio circulante seria gradual e não desestabilizaria as variáveis macroeconômicas
em questão.
Na queda de
braço entre ortodoxos e expansionistas, os últimos conseguiram impor a conversibilidade
dentro do nível cambial por eles preconizado, pois receberam o apoio da maior
parte dos segmentos produtivos do país, que, por sua vez, estava sendo sufocada
pelo arrocho monetário promovido por sucessivos governos desde 1898. O fato foi
que, com a implantação da Caixa, houve, num primeiro momento, uma expansão do
meio circulante, acompanhada, de modo geral, por um aumento no nível de preços,
porém, com a manutenção de um equilíbrio cambial até 1913.
No tocante aos grandes ganhos
dos bancos estrangeiros instalados no país, que tinham grande mobilidade entre
o mercado europeu e brasileiro, pode-se inferir que, ao assumirem a função de underwritters
em larga escala, estes agentes passaram a ampliar consideravelmente sua
margem de lucro. A melhoria das condições em que trabalhavam só foi possível
após o estabelecimento de uma taxa de câmbio fixada pela Caixa de Conversão.
Numa economia, onde a taxa cambial oscilava abruptamente, era impossível que os
bancos no Brasil pudessem alavancar recursos na Europa para atender à demanda
de seus clientes. É que não havia garantia de que o retorno do dinheiro se
fizesse à mesma taxa cambial.
Em relação aos grandes lucros
auferidos pelo Banco do Brasil sob a égide do padrão ouro, devesse relatar as
palavras do Boletim da Associação Comercial do Rio de Janeiro em 21 de maio de
1908, como parte ilustrativa dos acontecimentos no sistema bancário: “A
organização dada ao Banco do Brasil obedecia a uma orientação peculiar e
certamente muito diversa da que está sendo executada”. Qual a verdadeira causa
não é difícil de descobrir. Isto é devido à criação recente da Caixa de
Conversão, de
que não cogitava o governo
passado quando planejou a reforma do Banco do Brasil (em 1905). Ora, o que daí
decorre é um inconveniente sério, que não podemos deixar de insistir. O Banco
do Brasil em suas operações entra em concorrência com outros bancos
particulares que operam em depósitos e descontos levando, aliás, sobre eles,
enorme vantagem. “Sua clientela será forçosamente muito maior em virtude da
presunção de que o Governo responde por todo o capital do mesmo banco e não
somente pela parte que ali tem empregada como acionista comum”.
Bibliografia:Chavantes Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário
em São Paulo na Década de 20 – fev 2004
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