O TABARIS,era um cinema só para homens,na rua Formosa,
vizinho ao Frontão Nacional, templo da pelota, especializa-se nestes programas.
Os títulos dos filmes
são bastante sugestivos: Ginecologia e Obstetrícia,
Rasputh e As Mulheres, geralmente películas antigas em que se faziam enxertos
de cenas apimentadas. Em 1935, a Platea publica o anúncio: “cine TABARIS, rua
Formosa, 18-A. Hoje, a partir das 14 horas, sessões corridas com a exibição do
grandioso filme do gênem ‘só para adultos’: Vício e Perversidada Magníficas
cenas de forte realismo e nú artístico: PROHIBIDO para menores e senhoritas”.
O UFA ficava no Largo do
Arouche nos arredores, onde já se concentram hotéis luxuosos, leiterias, casas
de chá, lojas modernas e cinemas. O UFA-PALACE, por
O UFA-PALACE está à altura do
progresso de São Paulo, dirá mais uma vez o cronista da época. Sua edificação
expressa nova maneira de conceber uma sala
de cinema, pelo menos aqui
entre nós. O projeto de Rino Levi está alerta a uma infinidade de detalhes. A
visibilidade do espectador deverá ser perfeita de todos os pontos, observando
sempre que uma linha dos olhos até o limite da tela não pode ser interceptada
por nada, pela cabeça de ninguém. São feitos estudos de acústica, iluminação,ventilação,
acessos, qualidade de projeção, resultando num conjunto funcional e
confortável.
A construção, sob
responsabilidade da Sociedade Constructora Brasileira Ltda., é iniciada em 15
de maio de 1936 e concluída ao final de outubro. São 3.139 lugares, divididos
entre a plateia (1.860 poltronas) e o balcão (1.279). Completando, um pequeno
palco para representações e uma plataforma móvel. As paredes, de acordo com a
descrição da Revista Po Iytechnica, eram de cor palha com leve matiz ouro,
obtida com reboco de cimento penteado, um reboco composto de grãos de quartzo e
madrepérola, pó de mármore, mica, cimento branco e pequena dose de tinta em pó.
A descrição do Correio
Paulistano era mais entusiastica: “O UFA-PALACIO, o novo cinema de São Paulo,
parece que saiu de algum livro de WeIIs. As suas linhas lisas e moderníssimas,
o seu sistema de iluminação que, não fazendo sombra nos rostos, torna todo
mundo mais bonito e mais jovem. As duas cores escolhidas para a decoração, o
creme e o brique, tudo numa harmonia deliciosa torna o UFA uma sala de diversão
como antes só fora vista nos próprios filmes. A sessão de hontem, dedicada ao
mundo oficial, à imprensa e a um grande número de convidados, foi iniciada com
um trecho de Carlos Gomes e causou impressão esplendida, não só como música,
como a orchestra brotando do solo, para em seguida desaparecer, logo terminada
a música”.
Nos dias que antecederam a
inauguração,jornal cuidou de promover um concurso para saber qual filme alemão
deveria ser exibido na abertura da sala, alimentando as expectativas com fotos
dos diretores da UFA que deveriam chegar a bordo de um dingivel.
O vencedor, na preferéncia dos
leitores1 foi Boccaclo, projetado na sessão de estreia.
Num momento em que o cinema
americano ocupa a maioria das telas em São Paulo (e no resto do mundo), parece
paradoxal que não sejam empresas americanas a investir na construção de
cinemas, seguindo o exemplo da Paramount, e sim a UFA, empresa estatal alemã.
Não deve ser desconsiderada a disputa diplomática que se desenrola a nível
internacional, onde o cinema á arma valiosa para angariar simpatias.
Ironicamente, a Inauguração do belíssimo e funcional UFA PALACE ocorre no mesmo
dia em que as manchetes dos jornais paulistanos noticiam a entrada de Franco em
Madri, bombardeada pela
aviação nazista. Mas acima das questões ideológicas, o UFA deslumbrava por
igual a todos os seus frequentadores.
Foi um salto qualitativo na
construção das salas e definiu de vez a localização da Cinelândia paulistana,
território de contornos flutuantes, mas que sempre inclui a Avenida São João, o
Largo Paissandu, o Santa Efigênia, a Avenida Ipiranga.
Bibliografia : Simões, Inamá - Salas de Cinema em São Paulo
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