domingo, 6 de maio de 2012

Uma quadra em formação e três edifícios de Oswaldo Bratke


Quando da implantação do Plano de Avenidas na gestão de Francisco prestes Maia (prefeito de São Paulo entre 1938 e 1945) as ruas Epitácio Pessoa e Ipiranga foram unidas e alargadas.
Frente do Edificio Jaçatuba
A Avenida São Luiz além de alargada estendeu-se rumo a Praça da República.
Na outra extremidade, a Rua Major Sertório seria prolongada até a nova Ipiranga, cruzando no caminho a Rua Araujo: estava então formada uma quadra tipicamente moderna, fruto do processo modernizador iniciado na década anterior, com a colaboração de Ulhôa Cintra.
Sob essas circunstâncias, a Avenidas Ipiranga e São Luiz seriam abertas, constituindo-se em símbolos e marcas de uma modernização já em curso, pautada, sobre tudo , na verticalização e no sistema rodoviarista; elemento central de um modelo radial- perimetral que sintetizava em torno de si os desígnios de uma cidade em crescimento acelerado. O processo modernizado em curso nos anos 40 tinha conteúdo, forma e estrutura: uma verticalização frenética e estimulada, apoiada numa legislação até certo ponto coercitiva, uma estética  embelezadora e num sistema de circulação que priorizou, sobretudo, o automóvel; embora o plano de Avenidas contemplasse diversos outros aspectos.
Entre uma modernidade plural de caráter internacional e um urbanismo modernizado levado a termos em São Paulo, materializou-se uma arquitetura dos edifícios imersa numa diversidade estilística a primeira vista desvinculada do imaginário e da modernização em curso no âmbito do urbanismo e da cidade. A propósito, Cândido Malta Campos relata: “até 1945, pelo menos, a produção modernista surgia no meio de ampla gama de propostas, todas modernas, portadoras de considerável diversidade estética e ideológica”. Antes de se impor como alternativa hegemônica após a segunda guerra, o modernismo propriamente dito dividia espaços com outras manifestações do moderno e da vontade modernizadora.
Em meio a esse ideário e ações, uma nova quadra foi então configurada depois dos cortes no tecido anterior. Nela seriam construídos os três edifícios de Oswaldo Arthur Bratke: o Jaçatuba de 1942; depois nas esquinas adjacentes, o ABC de 1949 e o Renata Sampaio Ferreira de 1956. Naquele momento em particular, um fragmento urbano estava sendo construído por uma grande empreitada.
No decorrer das décadas seguintes uma linguagem moderna de caráter brasileira ficaria manifestada com mais clareza. Assim, as três de obras de Bratke resumem numa mesma esquina parte dessa trajetória da arquitetura brasileira rumo a uma identidade própria: incorporando as questões climáticas, dos materiais locais e propondo novas tipologias mais libertas das amarras do lote, porém ainda vinculadas à rua.

Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma- Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de Doutorado.

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