quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conhecendo as Habitações de Santa Ifigênia 1893

Casebres de 1893

Aqui falaremos nos tipos de estalagens, cortiços ou habitações operárias de Santa Ifigênia. As habitações destinadas às classes operárias são numerosas. Contabilizam 60 cortiços de todos os tamanhos e feitios, com uma população de 1.320 indivíduos de todas as nacionalidades e condições. A característica do cortiço, o tipo de habitação dominante, é definida da seguinte maneira: “O cortiço ocupa comumente uma área no interior do quarteirão, quase sempre um quintal de um prédio onde há estabelecida uma venda ou tasca qualquer. Um portão lateral dá entrada por estreito e comprido corredor para um páteo com 3 e 4 metros de largo nos casos mais favorecidos. Para este páteo, ou área livre se abrem as portas e janelas de pequenas casas enfileiradas com o mesmo aspecto a mesma construção, as mesmas divisões internas e a mesma capacidade. 
O tamanho da unidade habitacional, cubículo ou casinha, mais freqüentemente encontrado dentro de um cortiço foi de 45 a 63 metros cúbicos de capacidade, com as dimensões de 3 metros de largura, 5 a 6 metros de comprimento e 3 a 3,5 metros de largura. Com essas dimensões, o cubículo abrigava no máximo quatro pessoas, ou seja, cada indivíduo teria de 11,25 a 15,75 metros cúbicos. Nos cômodos de dormir e na sala ventilação natural, janela e porta. No cômodo dos fundos, sem assoalho ou forro, era instalado um fogão ordinário e uma chaminé que raramente funcionava, pois era mal construída. Disso decorre que o interior das casinhas  era enegracido, sem asseio, com o teto coberto por sujeiras e moscas e as paredes cobertas por pregos, em que eram pendurados utensílios domésticos, roupas e outros objetos. O único cômodo de dormir, centro da construção, não tinha luz e nem ventilação. A ocupação da alcova, normalmente à noite, excedia o número máximo, de quatro pessoas.
Um fato constatado pela Comissão de 1893 era de que o assoalho nunca era limpo, à exceção “daquelas habitações ocupadas por famílias alemães. A lama e a umidade do solo traziam um aspecto insalubre e feio àquelas habitações, pois o soalho “não é ventilado e se assenta diretamente no solo”.
Na área livre, “pateo” ou quintal, ficava normalmente uma latrina”mal instalada e ordinária”, uma tornaria, um ralo para o esgoto e algumas vezes um tanque para lavagem. Do levantamento feito, a Comissão constatou que 50% das áreas livres não eram acimentadas ou calçadas; não havia sarjetas para a drenagem superficial da água, que ficava empoçada, e todos os poços estavam contaminados portanto deveriam ser entupidos.
Por último a descrição das latrinas: “as bacias de barro vidrado cobertas por um imundo caixão de pinho, apoiado em solo encharcado de urina fétida, completam o tipo dessa dependência bem característica do cortiço”.
Para a Comissão, o asseio é, antes de tudo, a providência mais necessária a ser tomada com relação à habitação de operários.
Uma possibilidade de mudança é apontada pela Comissão ao reconhecer que a criação do Serviço Santário em 1892 e a presença dos “delegados de higiene” pudessem trazer melhorias.
Outro tipo de habitação era uma casinha com frente para a rua pública. Em geral eram pequenas e inadequadas para a população moradora e também, não dispunham de qualquer cuidado quanto à higiene. O soalho assentava-se diretamente no solo o fosso não dispunha de ventilador, e biombos de madeira ou de outro material subdividiam os minúsculos cômodos. Aos fundos, numa área exígua, encontrava-se a latrina ordinária, sem abrigo e sem ladrilhos. Na cozinha as condições higiênicas eram igualmente precárias.

Bibliografia:
Os cortiços de Santa Ifigênia sanitarismo e urbanização (1893) pág 41 a 43

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