São Paulo de ontem e de hoje - Oferta da Predial Novo Mundo S/A
Existem recantos em São Paulo, cujos nomes, dados pela municipalidade para substituir as denominações antigas, sofrem uma resistência tenaz por parte do povo. Ainda há pouco tempo a Avenida Paulista voltou a ser chamada assim, embora a prefeitura houvesse determinado uma nova nomenclatura. O povo, embora reconhecendo a grandeza e a justiça da homenagem ao homem a que se procurava reverenciar, não reconheceu essa mudança e continuou chamando: Avenida Paulista. E a Prefeitura cedeu. O povo tinha razão.... O) nome avenida Paulista tinha mais propriedade para qualificá-la.
Entretanto, há muitos anos, o mesmo povo de São Paulo aceitou e aplaudiu um novo batismo.
Havia um largo bonito, movimentado, fértil e próspero, ao qual, graças ao seu aspecto sempre festivo, tinha sido consagrado como a Praça da Alegria.
Ali se comprimiam as almas religiosas, nas grandiosas procissões da lendária Igreja de Santa Cruz do Pocinho. Erguiam-se os mastros dos mais acreditados circos de cavalinhos...Ficava-lhe bem o nome: Praça da Alegria.
Até que um dia, um marechal invadiu os seus domínios e imprimiu uma feição progressista. Era o homem dinâmico da época. Bacharel em direito, militar, político, agricultor, industrial e comerciante.
Abriu novos caminhos. Impôs ordem. Acomodou o ambiente as circunstancias. Plantou o seu chão. Ninguém como ele para ser o padrinho do Largo. Tinha direitos adquiridos. Por isso, o povo se congratulou com a Câmara, quando resolveu substituir o nome de Praça da Alegria, para homenagear esse espírito empreendedor.
Basta que eu pronuncie o nome dessa figura histórica e proeminente no São Paulo de ontem, para que o leitor deduza de que Largo estamos falando. Estamos nos referindo ao Marechal José Arouche de Toledo Rendon.
E quando se aventou perpetuar a obra desse vulto, substituindo o nome de Praça da Alegria, para Largo do Arouche, o povo bateu palmas: muito bem!!!!
José Arouche de Toledo Rendon, antes de mais nada, demarcou a Cidade Nova, que se estendia desde o Morro do Chá até aquelas cercanias. Abriu as perspectivas do Largo. E iniciou a cultura do chá em São Paulo, dentro da sua própria chácara que era situada nos terrenos onde hoje está construído o Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entre as ruas Dona Veridiana, Marques de Itu Cesário Motta e Jaguaribe chácara era um velho casarão de 12 janelas de frente, ainda existente na Rua Santa Isabel n 3 (atualmente é o Museu da Luza e Força), onde residiu e faleceu Arouche, aos 26 de julho de 1834, e que depois serviu de solar a Família Rego Freitas. Primitivamente a chácara o Arouche estendia-se da rua da Alegria (Hoje Sebastião Pereira) até ao Beco do Mata Fome Hoje Rua Araújo).
Foi considerado a capacidade mais produtiva da sua época.
Como militar o seu nome está perfilado juntamente com os nomes mais cintilantes da história. Como político tornou-se indispensável por seus sábios conselhos aos capitães-gerais que tinham as rédeas da província.
Com uma figura tão proeminente na vida daqueles lados da cidade, nada mais justo do que a homenagem de deixar seu nome, como uma das lembranças de suas obras.
E o povo já se habituara a chama-lo de Largo do Arouche, quando uma reforma administrativa municipal de 1910, segundo os apontamentos de Cursino de Moura, mudou o nome da parte inferior do largo, para praça “Alexandre Herculano”.
E o povo tinha razão. Tanto assim que três anos depois da solene inauguração daquela placa de bronze, Herculano desistiu de contrariar o povo.
O largo do Arouche consagrou-se nova e definitivamente.
Quando aconteceu o advento do cinema, São Paulo abraçou com entusiasmo esse movimento. E o largo do Arouche reclamou para si o direito de evoluir neste terreno.
Se de um lado, a Rua São João se ufanava do “Bijou”, ou do “Mignon”o largo do Arouche estufava o peito, convicto da sua superioridade, exibindo o cartaz mais querido da cidade: “High Life” - a “coqueluche”paulistana, de cinquenta anos atrás.
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