domingo, 23 de setembro de 2012

Edificio Montreal: uma esquina encurvada


Edificio Montrela
O edifício Montreal, 1954, ocupa a esquina formada pelas Avenidas Ipiranga e Cásper Líbero: antiga Rua Conceição que ligava o triângulo histórico à estação da Luz. Por se tratar de um imóvel de esquina, é possível alcançar grande desenvolvimento em altura: 80m. Embora relativamente restrito em suas dimensões, o terreno se beneficia de uma orientação muito favorável sob o aspecto da insolação para um edifício residencial: a face norte encontra-se na inflexão da esquina. Da mesma forma, a posição de esquina permite o destaque da volumetria, permitindo ao observador desfrutar de amplitude visual. Por outro lado, sua forma trapezoidal, com três faces voltadas para as vias públicas, permitiria examinar várias alternativas de implantação do edifício, em particular aquelas que permitiriam desenvolver um volume autônomo em relação à massa contínua da ocupação predominantemente no quarteirão. Contudo, a escolha do arquiteto foi por definir o volume do edifício imp´lantado sobre os alinhamentos prediais: condições que permitiram maior aproveitamento do lote.
Projetando-se dentro das normas dos alinhamentos, foi proposto como solução final um volume encurvado de 22 pavimentos e dois outros complementares - quase imperceptíveis – a uma altura correspondente a 39m ou 11 andares: um voltado para a Avenida Ipiranga, outro para a Casper Líbero. O corpo elevado dobrando a esquina se explica como em outras situações mencionadas, pela possibilidade de rebatimento da volumetria pela via mais largura até a profundidade de 20m, depois dessa distância era obrigatória ater-se ao gabarito no alinhamento conforme solução adotada nos corpos menores. Dada à condição de esquina não foi necessário cumprir dispositivo que exigia recuo lateral mínimo de 2,5m acima de 39m.
Este edifício teve dois projetos um como prédio de apartamentos e outro que foi o realmente construído de edif´cio para finalidades comerciais. Sendo assim, o aproveitamento do imóvel é elevado até o último limite, seja em termos de gabarito e taxa de ocupação, seja em relação ao agenciamento de algumas partes. A fim de permitir o máximo aproveitamento do pavimento térreo para lojas comerciais, o saguão de acesso foi localizado no subsolo do edifício, a exemplo do Edifício Triângulo. Assim, as soluções de projeto  nascem comprometidas sob vários aspectos, não apenas em relação às necessidades comerciais e às demandas de mercado, mas subordinadas às normas urbanísticas e seus parâmetros reguladores. Nem por isso o resultado arquitetônico deixa de alcançar êxito e revelar, muitas vezes, resultados inesperados. No caso deste edifício, chega mesmo a haver considerável autonomia entre forma e conteúdo, entre solução plástica e compromissos pragmáticos.

Bibliografia: Ribeiro, Alessandro José Castroviejo – Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma – tese de doutorado.

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