Nem todos os cortiços tinham encarregados ou locatério. No cortiço de Carlos Girardi, o encarregado era um italiano morador do próprio cortiço, que cuidava da sua administração por ordem do proprietário e, em troca, não pagava aluguel. Das 65 fichas com a descrição das habitações, apenas em 21 aparece o nome do encarregado locatário. Esse cargo era preenchido geralmente, por um morador do cortiço. As três únicas mulheres encarregadas eram viúvas. Provavelmente, a ocupação a cargo representava uma alternativa de renda e, também economia no aluguel para essas mulheres. Esse era, sem dúvida, o caso de Ângela Cerenci, de origem italiana, encarregada do cortiço de propriedade de André Faysano na rua Victoria, 76. Viúva e com cinco filhos menores, não pagava aluguel por cuidar da administração do cortiço. Ocupava um cubículo de 24 metros com apenas 4 metros cúbicos por pessoa, cujo aluguel era de quinze mil réis. A Comissão anotoucomo observação na ficha que o excesso de lotação era de cinco pessoas, ou seja, o cubículo comportava apenas uma única pessoa e nele habitavam seis.
A viúva Germana, de origem alemã, era a encarregada da casa de pensão situada na rua Guaianases, cujo proprietário D. Klein, também era alemão. Apesar de ter excesso de lotação de 100%, não há outras informações sobre so habitantes dessa casa de pensão.
Como inquilinas as mulheres aparecem apenas em 38 cubículos, 9,5% dos 399 investigados. As mulheres responsáveis pelo contrato de aluguel, como se pode supor do registro do inquilino na ficha, são de várias nacionalidades: 11 brasileiras, 9 italianas, 8 portugueses, 7 espanholas, 2 alemães e 1 polonesa. Entre as 11 inquilinas de origem brasileira, havia 4 com menores de idade na residência, 36%, o que poderia indicar a presença de famílias brasileiras; de origem italiana, os domicílios com menores eram 3 (33%), portanto 3 famílias dos 9 cubículos com mulheres como inquilinas; de origem espanhola eram 4 (57%) dos 7 com mulheres como inqulinas; por fim, de origem portuguesa , os domicílios com menores eram 6 (75%) dos 8 com inquilinas. Assim, há uma presença mais marcante de inquilinas com famílias de nacionalidade portuguesa e espanhola do que brasileira e italiana.
Há ainda, dois cubículos com inquilinas de origem alemã. Um de Emma Daher, inqulina no cubículo de onze metros, onde morava possivelmente com sua família composta por um outro adulto e um menor.Nesse cubículo, a capacidade cúbica por pessoa era de menos de 4 metros. Por essa habitação, Emma pagava doze mil reis, ou seja, mil reis pagava me menos de 1 metro cúbico de capacidade. Esse era um dos piores cubículos da pesquisa. A Comissão prescreveu sua interdição por considerá-lo inabitável
Famílias com inquilinos masculinos como responsável pelo contrato de aluguel predominavam em 60% dos cubículos, como era de se esperar. Se adotarmos a origem do inquilino, agora de ambos os sexos, como critério para definição da origem da família, é possível ter uma idéia do número de famílias com presença de menores que habitavam os cortiços de Santa Ifigênia.
Bibliografia: Os cortiços de Santa Ifigênia sanitarismo e urbanismo (1893) pág 50 e 51
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