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area interna do cine Metro |
No topo da hierarquia cabe ao
IPIRANGA o que havia de mais prestigioso nas Companhias distribuidoras. A
segunda quota estava reservada ao ART-PALACIO e em seguida vinha o BANDEIRANTES.
Todos da Serrador. Pelo censo de 1940, São Pauto tem uma população de 1.317.396
habitantes e a oferta de assentos nos cinemas da capital se aproxima dos 100
mil (mais exatamente 95.754), ocupados por 19.526.224 espectadores. Tais
números mostram que o paulistano vai aos cinemas com assiduidade, uma frequência
per capita de 15 ao ano. Nos cinco anos seguintes, mais de 20 salas são
inauguradas e o aumento de público é mesmo superior ao crescimento demográfico.
Ou seja, há um crescimento real de público, as pessoas vão mais ao cinema, não
se trata apenas de um incremento numérico.
A Cinelandia, que abriga as
principais salas - ARTPALACIO, AVENIDA, ÓPERA,BROADWAY, RITZ, IPIRANGA, METRO,
MARABA, BANDEIRANTES, PARATODOS -, atrai a grande massa de público. Dentre as
dez salas de maior frequência em 1945, seis delas estão ali.
O TABARIS, na rua Formosa,
vizinho ao Frontão Nacional, templo da pelota, especializa-se nestes programas.
Os títulos dos filmes são bastante sugestivos: Ginecologia e Obstetrícia,
Rasputh e As Mulheres, geralmente películas antigas em que se faziam enxertos
de cenas apimentadas. Em 1935, a Platea publica o anúncio: “cine TABARIS, rua
Formosa, 18-A. Hoje, a partir das 14 horas, sessões corridas com a exibição do
grandioso filme do gênem ‘só para adultos’: Vício e Perversidade Magníficas
cenas de forte realismo e nu artístico: PROHIBIDO para menores e senhoritas”.
O centro da cidade, não
obrigatoriamente o geográfico, mas o que se torna referência obrigatória, ponto
de passagem inevitável que parece concentrar a alma da cidade, inicia o seu
deslocamento - abandonando o triângulo formado pelas ruas Direita, São Bento e
XV de Novembro - em direção à avenida São João e arredores, onde já se
concentram hotéis luxuosos, leiterias, casas de chá, lojas modernas e cinemas.
O UFA-PALACE, por exemplo.
O UFA-PALACE está à altura do
progresso de São Paulo, dirá mais uma vez o cronista da época. Sua edificação
expressa nova maneira de conceber uma sala de cinema, pelo menos aqui entre
nós. O projeto de Rino Levi está alerta a uma infinidade de detalhes. A
visibilidade do espectador deverá ser perfeita de todos os pontos, observando
sempre que uma linha dos olhos até o limite da tela não pode ser interceptada
por nada, pela cabeça de ninguém. São feitos estudos de acústica, iluminação,
ventilação, acessos, qualidade de projeção, resultando num conjunto funcional e
confortável.
A construção, de
responsabilidade da Sociedade Construtora Brasileira Ltda., é iniciada em 15 de
maio de 1936 e concluída ao final de outubro. São 3.139 lugares, divididos
entre a plateia (1.860 poltronas) e o balcão (1.279). Completando, um pequeno
palco para representações e uma plataforma móvel. As paredes, de acordo com a
descrição da Revista PoIytechnica, eram de cor palha com leve matiz ouro,
obtida com reboco de cimento penteado, um reboco composto de grãos de quartzo e
madrepérola, pó de mármore, mica, cimento branco e pequena dose de tinta em pó.
A descrição do Correio
Paulistano era mais entusiástica: “O UFA-PALACIO, o novo cinema de São Paulo,
parece que saiu de algum livro de WeIIs. As suas linhas lisas e moderníssimas,
o seu sistema de iluminação que, não fazendo sombra nos rostos, torna todo mundo
mais bonito e mais jovem. As duas cores escolhidas para a decoração, o creme e
o brique, tudo numa harmonia deliciosa torna o UFA uma sala de diversão como
antes só fora vista nos próprios filmes. A sessão de ontem, dedicada ao mundo
oficial, à imprensa e a um grande número de convidados, foi iniciada com um
trecho de Carlos Gomes e causou impressão esplendida, não só como música, como
a orquestra brotando do solo, para em seguida desaparecer, logo terminada a
música”.
Bibliografia: Simões, Inimá –
Salas de Cinema em São Paulo
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