sexta-feira, 15 de março de 2013

Galeria R Monterio detalhes do projeto

Mural da Galeria Itá.

A área construída é seis vezes a área do terreno, e a altura do edifício são as máximas previstas pela legislação no período. Mesmo trabalhando com as limitações da legislação, o projeto desenvolvido por Rino Levi e associados, garante a originalidade do tratamento dado ao percurso pela galeria e a volumetria do conjunto. O espaço flui, atraindo o pedestre para o seu interior que se desenvolve em dois níveis e circulações diferentes.
O primeiro dado pelo vai e vem de pessoas entre as duas quadras, movimentando o comércio da galeria e do mezanino. O segundo, projetado de forma compacta e central possibilita o acesso à torre de escritório. O volume dos elevadores, caixa de escadas e sanitários funciona como organizador do andar-tipo, com as salas distribuídas simetricamente ao seu redor.
Apesar de ter sido projetado como um volume compacto, o tratamento desprendido à circulação vertical a torna um elemento plástico com uma forte presença na galeria. Neste piso, as escadas, os elevadores e sanitários receberam painéis de madeira clara, com detalhes na diagonal, delimitando dois volumes simétricos, em perfeita harmonia com os pilares e vigas em concreto aparente e os planos de vidro das lojas. A partir do mezanino, o volume ganha uma estrutura maior, fechando todo o espaço entre os pilares centrais, além disso, recebe como acabamento um painel cerâmico esverdeado, com desenhos em alto e baixo relevo assinados por Roberto Burle Marx. Nos andares, grandes peças de granito rosa e faixas de mármore branco revestem as portas: nas paredes do hall, painéis com peças cerâmicas retangulares esverdeadas, assentadas na vertical, estabelecem um diálogo com o volume exterior.
A estrutura modulada da torre é composta por pilares periféricos definindo o volume da mesma e pilares centrais junto à caixa de circulação. O desenho do encontro entre os pilares e a junção dos planos de vedação externa é de uma precisão e delicadeza surpreendente. Ao descaracterizar a quina formada por esses planos, a linha tênue que define o prisma se perde, sendo redefinida apenas visualmente, a partir de um vazio que sugere a sua existência.
A malha de pilares do conjunto galeria/volume horizontal é desenhada por pilares robustos distribuídos na parte central do lote, em quatro linhas. Duas bem próximas às vedações das lojas e duas entre as escadas rolantes e o bloco com sanitários e lojas. A malha da torre coincide com a da galeria, com os quatro pontos principais contínuos entre os dois volumes.

Bibliografia: Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos.

domingo, 10 de março de 2013

Edificio Galeria R. Monteiro


Foi dentro das limitações impostas por lei que os arquitetos estabeleceram o projeto do Edificio R. Monteiro, bem no centro da nova nucleação urbana paulistana.
Parte frontal interna da Galeria R. Monteiro
Projetado por Rino Levi e os arquitetos Roberto de Cerqueira César e Luiz Roberto Carvalho Franco o prédio de respeitar as imitações impostas pela lei municipal de edificações. Construído no núcleo central, na rua 24 de Maio, o projeto alcançou dentro das limitações legais uma composição original, com a separação entre a base adoçada aos prédios vizinhos e a torre de escritórios – um prisma puro, livre e recuado dos quatro limites do lote.Esse recurso além de “liberar” a torre, garantindo a sua apreensão como um volume único, ampliou a área de iluminação e ventilação, eliminando uso dos poços internos que fragmentariam o conjunto.
A divisão do edifício, em duas estruturas, foi também uma separação programática. Na parte inferior os arquitetos concentraram a galeria em dois níveis: térreo, conectado ao edifício Itá e, na torre, os escritórios e salas comerciais. Entre os dois, um volume horizontal paira sobre a galeria de dimensões generosas, compondo com ela o embasamento, que se contrapõe ao prisma vertical.
Com esses dois pavimentos de salas, Rino Levi construiu, em associação com a galeria, uma estrutura visivelmente sólida para a “sustentação” estética da torre de escritórios. O conjunto galeria/volume horizontal permanece “encaixado” aos prédios vizinhos, reforçando a sensação de uma base que “suporta” o volume vertical.
Em paralelo a essa noção de sustentação, os arquitetos trabalharam com a liberação desse próprio retângulo horizontal que parece apoiar-se apenas nas laterais da galeria. O vão central livre criado entre o piso térreo e o mezanino, ambos abertos à calçada e recuados do alinhamento do lote, liberou o volume acima, suspendendo-o visualmente. O recuo da estrutura de pilares que sustentam o pé-direito duplo e os planos de vidros que vedam a galeraia realçam ainda mais esse efeito.
As escadas rolantes fazem a ligação entre os dois níveis da galeria que incorpora o fluxo de pedestres entre as ruas 24 de Maio e Barão de Itapetininga, duas importantes ruas do quadrilátero central, para garantir a sua vitalidade. Inicialmente, a galeria estava voltada apenas para a rua 24 de Maio. Em um segundo momento, foi estabelecido uma ligação entre a rua 24 de Maio e a Barão de Itapetininga através da Galeria Itá.
Bibliografia:  Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos.